O
perfil dos pacientes com câncer de boca mudou nos últimos anos. A doença, que
antes tinha uma incidência maior entre homens mais velhos, principalmente por
causa do consumo de álcool e cigarro, agora está acometendo homens mais jovens,
com idade entre 30 e 44 anos. Entre as mulheres, a doença também tem aumentado,
especialmente nessa faixa etária.
O
motivo, segundo especialistas, é a maior exposição ao sexo oral sem proteção. O
vírus HPV, transmitido por contato sexual, aumenta o risco da doença.
A
conclusão foi de uma revisão de estudos coordenada pela médica epidemiologista
Maria Paula Curado, do A.C.Camargo Cancer Center. A revisão incluiu dados de
estudos feitos em vários países. Ela explica que, embora a população mundial
esteja envelhecendo – e o câncer de boca seja uma doença associada a pessoas
com mais de 50 anos – existe uma tendência de aumento da doença em pessoas mais
jovens.
A
incidência entre homens de 30 a 44 anos aumentou de 4 para 10 casos a cada 100
mil na comparação entre as décadas de 1991 a 2000 e de 2001 a 2010, segundo a
revisão. Entre as mulheres de 30 a 44 anos, a incidência subiu de 2 para 5
casos a cada 100 mil no mesmo período. Maria Paula apresentou o trabalho no
Congresso Mundial da Academia Internacional de Câncer Oral (IAOO), em São
Paulo, nesta quinta-feira (9).
Sexo
oral desprotegido
Segundo
a pesquisadora, muitos casos de câncer de boca têm três causas possíveis de se
prevenir: consumo de álcool, cigarro e infecção pelo vírus HPV. “A maioria dos
tumores de boca estão relacionados a hábitos de vida de risco. A estratégia de
prevenção é modificar isso.”
Maria
Paula observa que, muitas vezes, as pessoas esquecem que é preciso se proteger
também no sexo oral usando preservativo, seja na versão masculina ou feminina.
“O sexo oral, se é feito sem cuidado, pode resultar em uma infecção por HPV,
que aumenta os riscos do câncer”, diz.
Câncer
perigoso
O
câncer de boca pode ser perigoso e, dependendo da fase em que é diagnosticado,
a chance de sobreviver pode ser de 50%. Os primeiros sintomas muitas vezes
passam despercebidos, pois se parecem com uma afta. “Por isso é muito
importante fazer exame clínico na cavidade oral. Um clínico geral ou um
dentista podem identificar esses sinais ao examinarem a boca.”
Segundo
estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), eram esperados 4.010 casos
de câncer na cavidade oral entre mulheres em 2014 e 11.280 casos entre homens.
