Número de ocorrências em Pernambuco disparou de dez
por ano para 141 nos últimos meses; anomalia no crânio prejudica o
desenvolvimento do cérebro dos bebês.
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O ministro da Saúde, Marcelo Castro, durante coletiva sobre casos de microcefalia em Pernambuco (José Cruz/Agência Brasil) |
O
Ministério da Saúde declarou estado de emergência sanitária nacional nesta
quarta-feira por causa do aumento no número de casos de microcefalia em bebês
em Pernambuco. A microcefalia é uma anomalia no crânio que prejudica o
desenvolvimento do cérebro dos recém-nascidos. Segundo o ministro Marcelo Castro,
o número de casos no Estado, que não passava de dez por ano, disparou para 141
nos últimos quatro meses. Também há casos suspeitos no Rio Grande do Norte e na
Paraíba.
Bebês com microcefalia nascem com perímetro cefálico
menor do que a média. O problema pode ser provocado por uma série de fatores,
desde desnutrição da mãe, abuso de drogas até infecções durante a gestação,
como rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus. "Não
há registros de uma situação como essa na história recente", disse Cláudio
Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis. O
Ministério da Saúde acompanha a situação desde 22 de outubro, quando foi
informado pela Secretaria de Saúde de Pernambuco sobre o repentino aumento nos
casos. Uma equipe de saúde pública tenta determinar as causas do surto,
revisando prontuários e outros registros de atendimento médico das gestantes e
dos recém-nascidos com a anomalia. Seguindo protocolos internacionais, a
Organização Mundial de Saúde foi informada sobre as ocorrências.
Suspeita - Embora
o Ministério da Saúde ainda esteja investigando as causas do aumento de casos,
uma das suspeitas é a contaminação da mãe pelo zika. Transmitido pelo Aedes
aegypti, o mesmo mosquito que provoca a dengue, o vírus causa febre, coceiras e
manchas vermelhas pelo corpo. A doença chegou ao Brasil neste ano e atingiu
principalmente Estados do Nordeste.
O aumento de casos de bebês com microcefalia
coincide com o período em que gestantes poderiam ter tido contato com o vírus.
No início do ano, Pernambuco enfrentou uma epidemia de dengue e zika. Foram
contabilizadas 113.328 infecções no Estado, cinco vezes mais do que havia
ocorrido em 2014.
"É ainda uma suspeita. Mas boa parte das mães
apresentaram em comum justamente as manchas pelo corpo durante os primeiros
meses de gestação", contou o professor da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) e colaborador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Carlos
Brito.
(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)