Fotografado
ao lado do corpo nu da jovem de 16 anos, desacordada, vítima de estupro
coletivo no Morro do Barão, na Praça Seca, Raphael Assis Duarte Belo, de 41
anos, descreveu o fato de ter posado para o clique em que aparece sorridente,
com a língua de fora como uma “coisa instintiva”. A declaração foi dada em
entrevista ao programa “SBT Rio”, exibida nesta quarta-feira, pouco antes de
ele se entregar, na Cidade da Polícia. Raphael é o terceiro suspeito preso pela
Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV).
Na
mesma entrevista, ele negou ter mantido relação sexual com a vítima. Na versão
de Raphael, que prestou depoimento durante toda a tarde de ontem, a adolescente
já estava desacordada quando ele chegou à comunidade, no domingo seguinte ao
abuso, ocorrido na véspera. Ainda segundo o suspeito, ele estava com Raí de
Souza, também preso, quando um traficante da região conhecido como Jeffinho
alertou para a presença da adolescente no interior do local conhecido pelos
moradores como “abatedouro”.
“A
casa estava de porta aberta, muito suja, fedendo. Ele (o traficante) disse que
ela (a menina) estava lá desde o dia do baile e não queria voltar. Entramos, e
tinha essa mulher suja, aparentemente drogada. Começaram a fazer fotos e
filmagens, e acabei entrando na frente de uma foto. Foi coisa instintiva. Eu
errei”, contou Raphael Belo.
Raí
de Souza, de 22 anos, e o jogador de futebol Lucas Perdomo Duarte Santos, de
20, também preso pelo crime, voltaram a ser ouvidos nesta quarta-feira por
agentes da DCAV. A delegada Cristiana Bento, titular da especializada, chegou a
anunciar que faria uma acareação entre os três para checar inconsistências nos
relatos de cada um. O plano, porém, acabou abortado.
"Foi um dia produtivo. Entendemos a dinâmica dos fatos e esclarecemos a maioria
das dúvidas, por isso não foi necessária a acareação. A gente sanou muitas das
contradições" garantiu a delegada.
MUITAS PERGUNTAS
Sem ajuda no início
Na
entrevista, Raphael alega que, depois de deixar o “abatedouro”, viu a jovem ser
atirada para fora de um carro, inconsciente, e que a ajudou a voltar para casa.
Ele não explica, porém, por que não ofereceu apoio na primeira vez em que viu a
adolescente.
Droga desaparecida
Raphael
conta ainda que, ao encontrar a vítima neste segundo momento, achou dois
frascos de “cheirinho da loló” com a menina. Ele diz ter jogado a droga fora,
mas não esclarece por que revirou os bolsos da jovem ou os motivos que o
levaram a descartar o entorpecente.
Participação maior
No
relato, o suspeito admite, referindo-se à foto em que aparece diante da jovem,
que “não deveria ter zombado de uma pessoa naquele estado”. A polícia,
entretanto, afirma que sua participação no crime foi além desse registro: ele
seria uma das pessoas que aparece tocando as partes íntimas da adolescente na
gravação.