É de autoria da
deputada estadual Patrícia Aguiar a lei que protege seis sítios paleontológicos
do Ceará (Lei 17.066 de 23 de outubro de 2019).
Esses sítios abrigam referências arqueológicas
que relevância mundial e estão localizados nos municípios de Barbalha, Crato,
Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda, Santana do Cariri e Tauá. Na
última sexta-feira (10) pesquisadores da Universidade Regional do Cariri e do
Museu Nacional apresentaram um fóssil de dinossauro de uma espécie inédita
encontrado em 2008 na unidade geológica Formação Romualdo, no Ceará, o
Aratasaurus museunacionali, animal terrestre e carnívoro.
A pesquisa foi publicada na revista do Grupo
Nature – Scientific Reports. Segundo o diretor do Museu Nacional/UFRJ,
Alexander Kellner, o fóssil foi batizado em homenagem à instituição, cujo
palácio na Quinta da Boa Vista foi destruído pelo incêndio em 2018. Ele
explicou que ara e ata vêm do tupi e significam nascido e fogo,
respectivamente. Já saurus vem do grego e é muito usado para denominar espécies
répteis recentes e fósseis.
A tradução de Aratasaurus é nascido do fogo, em
alusão ao incêndio no museu. O fóssil tem entre 110 e 115 milhões de
anos. Apenas uma das patas do animal está preservada, a direita traseira. “A
forma como os ossos estão dispostos, articulados, levam a crer que ele
provavelmente deveria estar mais completo antes de sua coleta”, disse o
paleontólogo da Universidade Regional do Cariri Renan Bantim.
Apesar de incompleto, grande parte das
peculiaridades anatômicas do Aratasaurus em relação aos outros dinossauros
celurossauros está nos dedos da pata.
A anatomia do fóssil encontrado, principalmente
a dos dedos do pé, indica que se trata de uma linhagem de dinossauro com origem
mais antiga do que a que deu origem aos tiranossaurídeos. Ainda não se sabe
muito sobre onde essas linhagens mais antigas estavam no planeta. Após ser
descoberto em 2008, numa mina de gesso, o fóssil do Aratasaurus foi levado para
o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, e
encaminhado para o Laboratório de Paleobiologia e Microestruturas, no Centro Acadêmico
de Vitória, da Universidade Federal de Pernambuco para ser preparado e
estudado.
O processo de preparação, que consiste na
retirada da rocha que envolve o fóssil, foi lento e complexo devido à
fragilidade em que se encontrava o achado, segundo os pesquisadores. Além de
sua importância científica, a expectativa é de que o Aratasaurus possa ajudar a
divulgar a paleontologia na região do Cariri. “Essa descoberta é um marco para
o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, pois será o primeiro fóssil de
dinossauro depositado nesse museu e se espera, com isso, aumentar a visitação
de áreas do Geopark Araripe”, afirmou o paleontólogo da Universidade Regional
do Cariri, Álamo Saraiva.